
No Brasil, já é Primavera e aqui no Norte já é Outono.
O ano vai passando rápido nos dois hemisférios. O ciclo da vida segue seu passo independente da velocidade que a vida e a mente de cada pessoa está. A natureza tem o seu ritmo.
Enquanto a Primavera ilumina o sul do mundo para a época de recomeçar, florir, colorir, expandir, ir pra fora. No norte, o Outono caminha para o escuro do inverno dando oportunidade da colheita dos frutos plantados nas estações anteriores; as folhas mudam de cor avisando que o descanso necessário está por vir para que haja preparação de novos frutos e flores.
A natureza é sábia e tem o seu ritmo, independente das besteiras que nós humanos façamos. Ela é a grande mãe que nos nutre e nos oferece tudo com perseverança e paciência, independente do mau filho ou filha que possamos ser.
A Mãe Natureza também tem os seus momentos temperamentais que é fundamental para o seu reequilíbrio. Seja através de alguma doença pelo qual o nosso corpo grita por atenção e descanso; seja por catástrofes ou tempestades que a ajudam a trazer o reequilíbrio global.
O fato é que a natureza caminha no seu próprio tempo e não temos controle algum sobre isso, mesmo que muitas vezes ela nos deixa ter essa ilusão.
Pode ser amedrontador reconhecer que, na verdade, não temos controle sobre nada; mas pode ser libertador reconhecer que controle é perda de tempo e o que nos resta é fazer as escolhas dentro do nosso ritmo de ser feliz.
Você está no ritmo da sua natureza de ser feliz?
Por qual sonho você acorda todos os dias?
Iria C Sebastião
Seguindo o meu ritmo. Às vezes meio acelerado, às vezes meio parado.
(Copyright © 2009)
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Quando vier a Primavera
Quando vier a Primavera,
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.
A realidade não precisa de mim.
Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma.
Se soubesse que amanhã morria
E a Primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo.
Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.
O que for, quando for, é que será o que é.
(Alberto Caeiro – Pseudônimo de Fernando Pessoa)
(Pra mim, esta poesia foi uma libertação. O reconhecimento que, independente de qualquer coisa, a vida segue. Descobri este texto num dia muito triste, depois do enterro de alguém muito querida.
Após ler esta poesia lembrei no quanto a pessoa que tinha partido celebrava a vida, mesmo depois dos seus 80 anos.
Dei-me conta que celebrar a vida que ela teve era mais importante que chorar a sua partida.
Ao invés de ir para casa em prantos, fui dançar. E aposto que ela ficou mais feliz com essa homenagem.
Ela foi uma das pessoas que me ensinou a celebrar a vida enquanto ela vivia, e depois de ter partido também.
Obrigada Stella.)